PREFÁCIO
A agricultura existe há milhares de anos. A partir dela, o homem começou a se fixar em determinados locais e produzir seu alimento. Surgiram povoados, vilas e posteriormente cidades. As cidades se transformaram em grandes centros urbanos que concentravam todo tipo de serviços necessários à vida do homem. Contudo, a agricultura passou a ficar de fora desse processo. Foi no campo, longe das cidades, que produzimos nosso alimento. Assim como as cidades, o campo também se expandiu e tornou-se palco de grandes produções agrícolas. Surgiram as monoculturas industrializadas capazes de ocupar extensas áreas de terra para produção de plantas que não alimentam nossa família nem tão pouco nossas cidades.
Mas a agricultura se faz encontrar onde ela é necessária e pelas mãos daqueles que trabalham em comunhão com a natureza. O contato com a terra sempre esteve e está em nossas vidas, mesmo que não lembremos ou não prestemos atenção. A agricultura se modifica como nosso corpo e ao longo dos anos também veio conosco para a cidade. É possível produzir alimentos saudáveis nos locais onde vivemos com nossa família ou em espaços vazios de nossa cidade. A isso chamamos de Agricultura Urbana.
A agricultura urbana não ocorre por si só. Ela depende das pessoas que trazem consigo um conhecimento ancestral. São muitas formas de pensar e fazer existentes para podermos praticar a agricultura nas cidades.
PROJETO COLHENDO SUSTENTABILIDADE
práticas de agricultura de urbana e segurança alimentar
Plantando é que se colhe. É com esse princípio que o Projeto Colhendo Sustentabilidade oferece aos moradores de Embu das Artes a oportunidade de criar e manter hortas comunitárias ecológicas. Nestes espaços é possível plantar alimentos saudáveis, - sem o uso de venenos ou agrotóxicos – trocar idéias e conhecimentos e gerar trabalho e renda de modo cooperativo e solidário.
AS RAIZES DO COLHENDO SUSTENTABILIDADE
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) representam um esforço global para enfrentar desafios sociais, econômicos e ambientais de forma integrada. Cada um dos 17 ODS está interconectado, ou seja, ao atingir um objetivo, muitos outros também são beneficiados. Um exemplo claro disso é o ODS 11, que busca promover cidades e comunidades mais inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis.
O ODS 11 é crucial porque a sustentabilidade será, em grande parte, determinada pela maneira como as cidades se desenvolvem. Ao promover uma urbanização sustentável, com foco na acessibilidade à moradia e na redução das desigualdades, este objetivo coloca as áreas urbanas no centro do debate sobre o futuro sustentável. Não se trata apenas de garantir uma moradia adequada para todos, mas também de criar cidades que ofereçam condições para que todos os cidadãos possam viver bem.
O ODS 11 está intrinsecamente ligado a outros objetivos, como o ODS 6, que busca garantir água potável e saneamento para todos, e o ODS 8, que enfatiza a criação de empregos e o crescimento econômico sustentável. Quando um município trabalha para atingir uma cidade sustentável, ele acaba também avançando na melhoria da saúde, da educação e da inclusão social. Ao garantir acesso a transporte público seguro, a espaços públicos de qualidade e a sistemas de saúde e educação acessíveis, estamos não apenas tornando as cidades mais inclusivas, mas também contribuindo para um mundo mais justo e equilibrado.
A mobilidade urbana é uma parte fundamental do ODS 11.
A promoção de transportes públicos sustentáveis e seguros é uma necessidade para garantir que todos, incluindo mulheres, crianças, pessoas com deficiência e idosos, tenham acesso igualitário aos serviços urbanos essenciais. Além disso, o ODS 11 também reforça a importância de garantir a segurança nas cidades e reduzir o impacto ambiental, promovendo a gestão sustentável dos resíduos e a melhoria da qualidade do ar.
No entanto, alcançar essas metas não é uma tarefa fácil. No Brasil, por exemplo, um dos principais desafios para a implementação do ODS 11 é a falta de dados e a dificuldade de integração entre os diferentes níveis de governo, empresas e a sociedade civil. Cada cidade tem uma realidade própria e precisa de indicadores específicos para medir seu progresso. A integração entre os setores público e privado, com o apoio da sociedade civil, é fundamental para promover o desenvolvimento sustentável de nossas cidades.
Exemplos de cidades que estão avançando na implementação do ODS 11, como Morunbaga, que foi considerada a cidade mais sustentável do Brasil em 2021, mostram que, com vontade política e colaboração entre diferentes setores, é possível alcançar grandes resultados. As iniciativas voltadas para a sustentabilidade urbana, como a urbanização de favelas, a criação de espaços verdes e a promoção de habitação acessível, são um reflexo de que o futuro das nossas cidades pode ser muito mais inclusivo e sustentável.
Por fim, o ODS 11 é um convite para repensarmos como as cidades são estruturadas e como elas podem se tornar mais resilientes frente às mudanças climáticas e aos desafios do crescimento populacional. O desafio está lançado: é preciso unir esforços, dados e políticas públicas para transformar as cidades em lugares mais seguros, sustentáveis e inclusivos para todos.
Esse depoimento foi elaborado com base nas metas do ODS 11, abordando sua importância para as cidades e os seus impactos sociais e ambientais.
